Gravidez | Yeah!! Duas meninas! Muito felizes mas por pouco tempo

No final da primeira consulta de gravidez múltipla foi-me dito que uma gravidez gemelar monocorionica (na gíria uma gravidez de gémeos verdadeiros) é uma gravidez de alto risco. 

Como a gravidez da Constança foi uma gravidez abençoada, apenas com um sobressalto às 7 semanas em que suspeitaram de gravidez ectópica, não tive nenhuma complicação nem desconforto e trabalhei até às 36 semanas por isso estava confiante que esta também seria tranquila apesar do início turbulento. Tinha então que perceber que tipo de riscos estavam envolvidos neste tipo de gravidez para poder prevenir-me. A médica explicou-me atenciosamente os riscos para a mãe e os riscos para os fetos. 

Os riscos da mãe seriam os mesmos que poderiam ocorrer numa gravidez de apenas um feto mas com uma maior probabilidade de incidência. Na lista constavam hipertensão arterial, diabetes gestacional, pré-eclampsia, anemia, mais cansaço, mais náuseas, mais sonolência,... Mas a minha atenção focou-se nas complicações com os fetos. Essas sim eram importantes para mim! E estariam então o risco aumentado de descolamento da placenta, o risco de parto pré termo (nascerem prematuros), o risco de restrição de crescimento fetal de um ou dos dois fetos (não crescerem dentro do percentil previsto),  anomalias fetais e mais uns três “palavrões”, dos que me recordo.

Relaxada como sou e nada hipocondríaca saí da consulta confiante de que não ia acontecer nada daquilo. Mas confesso que houve um palavrão que me ficou na cabeça, pelo simples facto da médica ter dito que só havia tratamento em Londres ou Barcelona. Mas também me disse para não me preocupar com isso porque era algo raríssimo que só acontece em cerca de 5% dos casos de gravidez monocorionica e que ela própria nunca tinha apanhado nenhum caso. Pensei: ok! Se só acontece em 5% dos casos não há-de ser a mim certamente! Portanto fui para casa descontraída da vida e nem me dei ao trabalho de pesquisar acerca disso. 

Dois dias depois surge uma das complicações, descolamento da placenta. E aconselhamento daquilo que mais me mata, repouso! Não há nada pior do que ficar deitada sem poder fazer nada. Mas para o bem deles tinha mesmo que cumprir. E afinal também não era nada do outro mundo, nada que não tivesse solução.

Uma gravidez gemelar é muito (bem) vigiada, temos imensas consultas e duas  semanas depois tinha consulta com o médico que efectivamente ia acompanhar a minha gravidez até ao final. Já tinha uma barriguinha que, embora fosse muito mais pequena do que a das grávidas com quem me cruzava com o mesmo tempo de gestação do que eu, adorava exibir e lá fui eu relaxada para uma consulta de rotina. 

Como era meu hábito não costumava interromper a ecografia para fazer perguntas e por isso guardava-as para o final para não desconcentrar o trabalho do médico. Desejava muito confirmar o sexo dos bebés. No final da ecografia e quando já estávamos sentados na secretária perguntei ao médico se já era visível. Já me tinham dito anteriormente que pareciam meninas mas não estava confirmado. Quando engravidei da Constança queria muito que fosse um menino  (e o pai queria a menina!) mas depois encantei-me pelo mundo cor-de-rosa e, apesar de saber que ficaríamos igualmente felizes se fossem meninos, não posso negar que tínhamos  preferência por meninas. Se pudessem ser de sexos diferentes adorávamos ter um casal mas visto que teriam o mesmo sexo então queríamos continuar viagem pelo mundo cor-de-rosa. O médico disse que ia ver nas imagens se se conseguia perceber porque durante a ecografia esteve focado noutra coisa. Depois de rever as imagens disse que pareciam efectivamente duas meninas mas que não podia precisar a 100%. Mesmo havendo dúvidas fiquei muito feliz. 

Essa felicidade dissipou-se logo de seguida quando novas suspeitas surgiram. Aí até me pesou a consciência por estar curiosa com uma questão tão fútil quando problemas bem sérios poderiam estar prestes a serem confirmados.


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