Diagnóstico confirmado e um acessório novo

Sem comentários
Já tinha passado um mês desde o início do internamento. A minha semana era passada com ela no Porto e só ia a casa dormir de sexta para sábado. No sábado ficava em casa com a Carlota e a Constança e regressava ao hospital ao fim do dia. Sentia-me incompleta em qualquer um dos sítios. No hospital custava-me horrores porque estava privada das duas irmãs e não estava a acompanhar o crescimento delas, em particular o da Carlota que estava a passar os primeiros meses sem mim. Em casa sentia que podia fazer falta no hospital e a Carminho estava muito ligada a mim porque passava o tempo todo comigo e chorava imenso com o pai. O meu coração não sossegava em nenhum dos sítios.

A Carminho estava estável mas dependente de oxigênio. Bastava reduzir um pouco e as saturações caíam. As secreções também não davam tréguas e continuava a precisar de ser aspirada antes de cada mamada. Praticamente só se alimentava por sonda, a quantidade de leite que bebia pelo biberão era mínima (cerca de 10ml). Com cinco meses e meio apenas conseguia tolerar 40/50ml de leite e por isso o aumento de peso era mínimo. Pesava pouco mais de 2kg. 

Como tínhamos faltado à consulta de ortopedia, porque a Carminho estava internada, pediram ao ortopedista que a fosse avaliar ao internamento. Havia suspeita de luxação da anca e precisava de ser vista. 

Nessa manhã o ortopedista foi vê-la e a suspeita foi confirmada. A Carminho tinha efectivamente luxação da anca e ia ter que usar uma tala. Nada que me surpreendesse porque sinceramente já estava preparada para isso.

A tala costuma resolver este tipo de luxações mas a taxa de sucesso é maior quando colocada mais cedo. A Carminho estava quase com seis meses e o médico alertou que iam tentar corrigir assim mas que seria difícil, caso não corrigisse teria que ser operada. 

Três dias depois a tala chegou e o ortopedista foi colocá-la. Aquilo não era de todo confortável. A posição das pernas era incomoda e a única posição em que a Carminho conseguia estar era deitada em dorsal (de barriga para cima). Não podíamos retirar para nada. A muda de fralda e o banho tinham que ser com a tala e como tal o banho era com compressas húmidas, não podia ser de banheira. Também só ia poder usar vestidos porque as calças não davam para vestir. No mínimo seriam três meses com aquela tala. Ao contrário do que pensei ela adaptou-se lindamente e mal acabou de ser colocada ficou como se não lhe tivessem colocado nada. Custou-lhe menos a ela do que a mim que precisava de ganhar traquejo a manusea-la com a tala. Até o colo não tinha o mesmo sabor porque o contacto pele a pele diminuiu muito, havia aquele objecto entre nós e dei por mim diariamente a apetecer-me tirar aquilo tudo só para lhe poder dar colo e abraçá-la em condições.