Gravidez | O primeiro murro no estômago

Ainda não tínhamos os pés bem assentes na terra e a nossa cabeça ainda estava num turbilhão de preocupações com todas as mudanças que iríamos ter que fazer, com todos os gastos que implicariam mais duas crianças. Era obrigatório mudar de carro (precisávamos de um carro de sete lugares porque os de cinco lugares não dão para pôr três cadeiras no banco de trás), comprar um carrinho de gémeos (que por sinal não são nada económicos), duas camas (visto que a Constança ainda usava a dela), roupas, cremes, fraldas e mais uma avalanche de bens essenciais, tudo a dobrar! E no meio disto tudo surge o primeiro de muitos sustos.

Mais uma semana, mais uma ecografia e uma má notícia, não se via nenhuma membrana a separar os dois bebés. 

Traduzindo isto em miúdos, quando temos uma gravidez gemelar monocorionica (em que os dois partilham a mesma bolsa) há duas hipóteses, a existência ou não de uma membrana que separa os bebés. É como se vivessem os dois no mesmo apartamento e terem dois quartos ou apenas um quarto para os dois. Isto pode parecer irrelevante mas é muito mais sério do que parece. 



Dois médicos a olhar para o ecrã e um ecografo que dava voltas e mais voltas na esperança de se encontrar a dita membrana, Mas não se via nada! Como era leiga nesta matéria tive que perguntar o que implicava isso. E levei o primeiro murro no estômago. Caso não houvesse a tal membrana, como os fetos estariam juntos, a partir das 20 semanas havia uma enorme probabilidade dos cordões umbilicais entrelaçarem um no outro e ocorrer morte fetal. 

Como já referi, ter gémeos não estava de todo nos meus planos mas nós íamos acabar por nos habituar à ideia e íamos amar aqueles bebés mais e mais a cada dia da gestação. O facto de não ser planeado não significa que não seja desejado. A partir do momento em que se engravida, se o bebé for desejado, ninguém está preparado para perder um filho. O vínculo afectivo aumenta de semana para semana. Como é que se lida com o medo permanente de poder perdê-los? Como é que se prepara a chegada deles podendo eles nunca chegarem a nascer? 

Foi marcada uma nova ecografia na semana seguinte para ver se a membrana ficava visível ou se realmente não havia membrana. Foi uma semana de tortura em que o medo se apoderou de nós. Uma semana que parece que demorou um mês a passar! 


Na semana seguinte lá estava eu super ansiosa para fazer uma nova ecografia. E a boa notícia surgiu, embora muito ténue, a membrana estava lá. Essa preocupação estava descartada. E agora podia gozar a minha gravidez sem preocupações. Achava eu!

1 comentário :

  1. Também engravidei dos gémeos tinha a minha menina 12 meses mais coisa menos coisa, também não foi planeado, queríamos mais 1 mas não para já, entendo bem as emoções pelo qual passou. Com meus meninos cada um teve sua bolsa portanto nesse aspecto não tive de ainda mais esses medos a acompanhar. Não foi uma gravidez fácil, tive ameaça de parto prematuro e estive internada no hospital das 27 as 36 semanas. Foram as 9 semanas mais longas da minha vida, principalmente porque estava longe da minha bebé, que era tão pequenina e precisava tanto de mime e eu dela. Neste momento minha menina têm 3 anos e meio e os meninos 1 ano e 10 meses. Admiro-a muito. Um beijo muito grande de mãe para mãe e outro muito grande para suas 3 fantásticas princesas!

    ResponderEliminar